segunda-feira, 17 de março de 2014

Como cuidar bem de você mesmo

Mato Grosso e o Turismo Regional: valorizando o que é nosso!!!

GESTÃO DO CONHECIMENTO EMPRESARIAL

03 PERGUNTAS SOBRE GESTÃO DO CONHECIMENTO



1. O que é a gestão do conhecimento (GC)?

Existem muitas definições sobre o que é a GC. Gosto de definir a GC como uma filosofia de gestão, na qual existe a preocupação verdadeira dos líderes da empresa em lidar com o conhecimento de forma organizada.




2. Qual é o principal objetivo da GC?

O principal objetivo da GC é auxiliar as organizações a ter um olhar estruturado a um dos principais ativos das empresas.

Boa parte das empresas estão acostumadas a gerenciar o fluxo de caixa, matéria prima, estoque e pessoas, mas de forma geral não estão preparadas para lidar com seus conhecimentos, neste ponto entra a GC.





3. Como ela acontece na prática?

Na prática, ela pode ser percebida de diversas maneiras.

Em grandes empresas onde o assunto está mais amadurecido, podem existir pessoas responsáveis pelo tema com metas específicas.

Também pode existir, durante planejamento estratégico, a preocupação explicita de se identificar os conhecimentos necessários para a execução de metas.

De maneira menos tangível, estão a cultura e apoio formal da liderança para que as pessoas colaborem, aprendam e compartilhem conhecimento ativamente.

Chefes são chefes! Líderes são líderes!

Chefiar é fazer os outros fazerem, diz um dos preceitos organizacionais mais consagrados. Liderar, no entanto, vai além disso, porque, como diz outro preceito, é saber como motivar as pessoas a fazerem. A liderança, portanto tem duas faces: uma é saber motivar (a si mesmo e aos outros) e a outra é dar o exemplo de conduta e saber conviver com os seus liderados. É o conceito do líder servidor¹.

Conheço muitos chefes (diretores, gerentes, supervisores) que possuem autoridade formal para mandar, mas não a capacidade de liderar. A autoridade é intrínseca à função de chefia, mas a liderança é inerente aos que tem competência interpessoal, e isso é mais do que muitos gestores sabem fazer.

Certa vez eu estava prestando consultoria organizacional a uma empresa de grande porte, e perguntei a um dos gerentes como andava seu relacionamento com os subordinados.
"Ah, muito bem", respondeu ele. "Eles não só me respeitam como também têm receio de mim", concluiu. Que grande chefe, hein? Confundir liderança com autoritarismo.

Em outra ocasião perguntei ao superintendente da maior empresa de laticínios de certo Estado se ele costumava elogiar seu pessoal quando o serviço era bem feito, ou as metas atingidas.
 
"Nunca", disse ele. "Eles foram contratados para acertar, logo não preciso elogiar alguém por fazer algo bem feito, já que estão aqui para isso", arrematou.

Falei, então: "
Se o presidente da empresa viesse à sua sala e o parabenizasse calorosamente por você e seu pessoal terem superado as metas do semestre, você gostaria disso?".
"Claro, é sempre bom saber que o chefe aprecia o meu trabalho", respondeu o superintendente.

"Então por que não faz o mesmo com o seu pessoal?", disse-lhe eu. "Certamente eles gostariam muito de ouvir um elogio merecido, também", concluí. Isto pegou de surpresa o executivo. Percebi que ele estava pensando, enquanto coçava o queixo. E a resposta veio rápida: "Só tem um detalhe", replicou ele. "O presidente da companhia jamais me elogiou nesses quatro anos que eu aqui trabalho", rebateu o superintendente, aliviado em poder dar uma resposta convincente.

"Talvez seja esse o seu grande equívoco", retruquei. "Você tomou por base o comportamento de seu chefe e o utilizou como modelo. Aliás, um modelo que não deveria ser seguido, porque os seus subordinados estão sofrendo com essa atitude", continuei. "Um elogio sincero e no momento certo pode fazer maravilhas, independente do seu chefe fazê-lo ou não com você", arrematei. Coincidência ou não, depois disso ele passou a elogiar os colaboradores quando o trabalho era bem feito, o que repercutiu favoravelmente em toda a indústria.

Cabe aqui uma pergunta: "Que tipo de líderes estamos habituados a seguir? Estamos lúcidos e conscientes a que tipo de pessoas estamos entregando nossa confiança e, sobretudo nosso futuro profissional?". De um lado vem um indivíduo que se autoproclama líder (seja na política, nas finanças, nas artes, na religião) e tem a solução certa para os nossos problemas. De outro lado, damos, frequentemente, muito crédito a pessoas de nosso relacionamento como se o que falassem fosse a verdade absoluta, sem questionarmos suas afirmações. Que valores morais e éticos, e que princípios esses líderes estão apregoando e querendo "vender-nos"?

Um líder autêntico inspira-se nos verdadeiros líderes, aqueles que já comprovaram sua capacidade no dia a dia, e continuamente desenvolve sua própria capacidade. Um verdadeiro líder é ético e sabe como motivar a si próprio e aos seus liderados. Ele concentra seu foco no desenvolvimento das capacidades de sua equipe e em atingir os objetivos e as metas da empresa.


¹Para saber mais sobre o conceito de Líder Servidor recomenda-se a leitura do livro O Monge e o Executivo, 144 páginas.

A importância da gestão do conhecimento

André Saito[i]


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De tempos em tempos, mudanças sensíveis na cultura empresarial acontecem e causam impactos diretos nos negócios. Foi-se o tempo em que apenas equipamentos e atividades operacionais geravam lucratividade para as organizações. Hoje, o olhar empresarial também está voltado para o capital intelectual, ou seja, para as pessoas.
A importância dada a elas - suas capacidades criativas, motivações, competências e conhecimentos - é sentida como um diferencial e uma oportunidade para as empresas crescerem mais. Fato este apontado pela recente pesquisa da Deloitte, que indica que as organizações pretendem investir cerca de 2,4% de seu lucro em benefícios aos colaboradores.
Dar maior importância às pessoas do que aos bens tangíveis torna-se uma tendência porque são elas que detém os conhecimentos mais valiosos sobre como atingir melhores resultados, como diagnosticar problemas e otimizar processos internos, enquanto os equipamentos usados nas operações são meros coadjuvantes para tal fim.
A maneira de aproveitar melhor o conhecimento desses colaboradores é praticar a gestão do conhecimento, que nada mais é do que estimular e facilitar a troca, e o uso e a criação de conhecimento em toda a empresa. Com a gestão do conhecimento, as pessoas são incentivadas a compartilhar aquilo que sabem, de forma a criar um ambiente de trabalho no qual toda experiência válida pode ser acessada pelos outros colaboradores e aplicada em suas atividades a fim de elevar a produtividade da companhia.
Falando em conhecimentos, há dois tipos básicos que podem ser aplicados pelo ser humano: o explícito e o tácito. O conhecimento explícito é o mais fácil de ser colocado em palavras, registrado e documentado. É facilmente adquirido por meio da leitura de manuais, livros e artigos, por exemplo. Quando falamos das funcionalidades de um sistema, ou das etapas de um processo produtivo, tratamos do conhecimento explícito.
O segundo tipo - o tácito - é o mais difícil de ser colocado em palavras e é adquirido apenas com a prática. O conhecimento tácito é aquele que só conseguirmos mostrar ao usar. Um líder gerindo sua equipe, um médico realizando um diagnóstico ou vendedor fechando uma venda difícil, são exemplos desse tipo de conhecimento. É difícil de explicar e só se aprende com a experiência, com a vivência.
Para as empresas, a gestão do conhecimento pode ser de grande valia, pois contribui para a geração de valor, otimização das operações e para melhora do atendimento ao cliente final. Por isso deve ser aplicado nas empresas. Uma vez disseminado, o conhecimento pode ser retido por outros colaboradores, a fim de gerar resultados sempre superiores aos do passado. Um engenheiro que opera uma plataforma de petróleo em alto mar tem uma experiência riquíssima que deve ser bem aproveitada. É preciso reconhecer e disseminar esse conhecimento para que a empresa esteja sempre evoluindo. É algo contínuo.
Um dos desafios para as empresas atualmente é aplicar a gestão do conhecimento de forma alinhada aos negócios, orientada para os objetivos estratégicos da empresa. Não adianta implantar a gestão do conhecimento sem pensar em quais resultados se quer atingir. Caso contrário, a gestão do conhecimento gera pouco impacto.




[i] André Saito é Ph.D. em Ciência do Conhecimento, coordenador acadêmico da FGV, coordenador do curso de gestão estratégica de pessoas do SENAC e diretor de Educação da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC)

O Drama dos Refugiados

Pio Penna Filho*

Existem hoje milhões de pessoas vivendo em campos de refugiados espalhados por vários continentes. São pessoas que geralmente perderam tudo e conseguiram, a duras penas, salvar as suas vidas se deslocando para locais distantes das zonas de conflito. Esse é um drama pouco mostrado pela imprensa e que a maior parte das pessoas desconhece ou não quer nem tomar conhecimento.
No Brasil, por exemplo, o tema refugiados não costuma comover as pessoas, a não ser, é claro, aqueles que se dedicam diretamente ao problema, recebendo e tentando resolver a situação dramática de quem teve que partir de sua terra para não morrer. Na verdade, temos poucos refugiados em nosso país. Poderíamos, sem dúvida, ter uma participação mais ativa para ajudar a minorar o sofrimento de milhares de pessoas.
A África é o continente mais afetado quando o assunto é refúgio. Quando um país passa por uma guerra civil – e, infelizmente, isso ainda é muito frequente no continente africano – rapidamente muitas pessoas são obrigadas a partirem para outra região do seu país (esses são chamados de “deslocados”) ou para o exterior, o que caracteriza o status de refugiado.
Enquanto escrevo essas linhas, existem milhares de pessoas sendo atendidas em campos de refugiados por Organizações Não-governamentais, como os Médicos Sem Fronteiras, em países vizinhos a regiões de conflitos. É o caso, por exemplo, do que ocorre nos Camarões, um dos países que recebe refugiados da guerra na República Centro Africana.
Outro exemplo dramático, que se constitui hoje como o caso que apresenta o maior número de refugiados no mundo, é o da Síria. Um dos efeitos da sua longa guerra civil foi o deslocamento de milhares de sírios em direção a países vizinhos, como Iraque, Turquia e Jordânia, e isso sem contar que milhares de sírios foram também para outras partes do mundo, em países muito distantes, como o próprio Brasil.
Não existe solução mágica para esse problema. A ONU, por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), faz o que pode, mas suas iniciativas são sempre insuficientes. Muitos governos também ajudam, mas nenhum deles prioriza o atendimento a refugiados, que em alguns casos são percebidos até mesmo como problema de segurança nacional. Na linha de frente, geralmente o apoio vem de Organizações Não-governamentais, que realizam um trabalho humanitário fantástico, apesar de muito perigoso.
A vida de um refugiado é repleta de dor e sofrimento e leva-se um enorme tempo até que a vida entre nos eixos novamente. O instinto de sobrevivência e as duras condições de uma situação de conflito fazem com que as pessoas passem por privações de toda ordem, se deslocando em situações de perigo, passando fome, contraindo doenças e traumas que muito dificilmente serão superados.
Podemos fazer mais a respeito do drama dos refugiados. Como país emergente o Brasil poderia e deveria ser mais ativo e acolhedor com os refugiados que o procuram. Como pessoas, podemos também fazer muito, ajudando mesmo que modestamente o heroico trabalho desenvolvido pelas Organizações Não-governamentais que atuam na linha de frente, trabalhando arduamente para amenizar esse drama humano nas condições mais adversas. 





* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

Comportamento Organizacional

quinta-feira, 6 de março de 2014

Ucrânia: Futuro Incerto

Pio Penna Filho*

Os últimos acontecimentos na Ucrânia são preocupantes. O país atravessa uma das suas piores crises desde a Segunda Guerra Mundial, com resultado absolutamente imprevisível. Até mesmo o melhor cenário não é nada animador. O grande problema é que a crise ucraniana, além de promover uma ruptura interna, afeta diretamente as relações da Rússia com o Ocidente atraindo para si poderosos atores internacionais.
O país vive muitos dilemas, sobretudo econômicos, políticos e identitários. A economia ucraniana vai muito mal das pernas, com crises em vários setores e um enorme déficit público. Em termos políticos, partidos, coalizões e sociedade estão fragmentados, com grupos elevando o radicalismo. No campo da identidade, há uma forte influência russa que é aprovada por alguns e repudiada por outros tantos.
O que a Ucrânia está vivendo hoje é consequência de uma série de equívocos e de atitudes nada republicanas de suas lideranças políticas, uma vez que setores importantes de suas elites se locupletaram às custas do Estado quando do fim da União Soviética, ao longo da década de 1990. Aliás, nesse quesito há quem diga que a Ucrânia é um Brasil piorado.
Fato é que as elites do país não conseguiram implementar um projeto desenvolvimentista e, então, a crise econômica e a dependência externa foram se agravando ao longo dos anos. Tal quadro levou a contestações e a tentativas de romper com o status quo, o que fez com que alguns setores políticos mirassem o Oeste, alimentando dissensões internas e promovendo mais ingerências externas.
Agravante para a questão ucraniana é que o país joga um papel de grande destaque na geopolítica russa. Além de ser o último anteparo da Rússia frente a Europa, em seu território está localizado o principal da frota do Mar Negro, vital para a projeção de poder e para a defesa russa em termos navais. E há também aspectos relacionados à geopolítica energética, uma vez que a maior parte dos gasodutos russos que servem a Europa atravessam o território ucraniano.
A Ucrânia, pode-se dizer, é vital para a Rússia. E a Rússia, de certa forma, ainda é vital para a Ucrânia, haja vista o alto grau de dependência do país frente à potência do Leste. Mas são dependências assentadas em bases diferenciadas. A Ucrânia pode, gradativamente, diminuir sua dependência da Rússia, mas a Rússia não ficará, de forma alguma, satisfeita com uma Ucrânia hostil ou aliada dos seus prováveis inimigos.
Sempre é bom lembrar que as piores agressões que a Rússia sofreu ao longo de sua história vieram do Ocidente e todas passaram, naturalmente, pela Ucrânia. As mais marcantes foram as promovidas por Napoleão e Hitler, uma no século XIX e outra no XX. De certa forma, quando setores políticos ucranianos miram e buscam se aproximar do Ocidente (Europa), parte dos russos tranca a cara.
Não há saída para a crise ucraniana que não passe pela Rússia. Ou assistiremos a um processo negociado, com garantias que efetivamente satisfaçam o governo russo, ou a probabilidade de uma intervenção militar russa aumentará exponencialmente. O problema, como sempre, é que quem mais sofrerá as piores consequências, caso a situação se deteriore ainda mais, será a gente comum da Ucrânia, como já aconteceu em outros momentos da história.





* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com