Oriente Médio from carlosbidu
terça-feira, 8 de outubro de 2013
sábado, 5 de outubro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Terror: da Somália para o Quênia
Pio
Penna Filho*
Um dos principais grupos armados da
prolongada guerra civil da Somália promoveu uma espetacular e mortífera ação em
Nairóbi, capital do Quênia. Até agora os registros indicam 72 pessoas mortas,
entre militares, terroristas e civis, sendo que a grande maioria dos mortos são
civis que estavam no local do atentado, um sofisticado shopping center da
cidade.
O grupo que assumiu o atentado chama-se
“Al-Shabab” e entrou em operação em 2006, quando as chamadas “Cortes Islâmicas
da Somália” promoveram um arremedo de governo no país. Aliás, é de se notar que
a Somália é um típico caso de estado falido, sem governo efetivo e com a
população vivendo à mercê de grupos armados que controlam partes do país, o que
provoca uma enorme insegurança coletiva e dá margens ao surgimento e
proliferação de grupos radicais que tentam se impor por meio da violência.
O Quênia entra nessa história a partir do
momento em que suas Forças Armadas começaram a combater as milícias do Al-Shabab
em território somali. Na verdade, o Quênia foi envolvido na questão somali por
uma série de fatores, dentre eles pelo fato de possuir uma extensa fronteira
com a Somália e, por isso, sofrer diretamente as consequências da guerra civil
do vizinho, seja pelo fluxo de refugiados, seja pela ação dos grupos armados
islâmicos em seu território.
Há que se destacar também que além dos
aspectos regionais o Quênia foi, de certa forma, induzido pelos Estados Unidos
em sua cruzada contra o chamado “terrorismo internacional” a participar do
conflito na Somália, justamente como ocorreu com a Etiópia, outro país vizinho
da Somália que também sofria e sofre as consequências de fazer fronteira com um
estado falido.
Nos últimos anos tropas etíopes e
quenianas participaram diretamente de operações militares na Somália,
principalmente para combater as milícias da Al-Shabab. Esse é um dos motivos do
atentado no Quênia. Ocorre que agora a situação tende a piorar, haja vista que
provavelmente o governo do Quênia e as demais forças presentes na Somália, irão
ampliar a repressão especialmente contra a Al-Shabab, que por sinal está
oficialmente vinculada à rede Al-Qaeda.
A Al-Shabab não é um grupo fácil de
combater. Eliminá-la, então, pelo menos num cenário de curto ou médio prazo,
soa como um devaneio. O grupo está sofrendo uma enorme pressão na Somália por
parte de tropas estrangeiras e o atentado no Quênia é uma forma de dizer ao
mundo e aos somalis que sua capacidade operacional continua de pé.
O grande problema são os métodos adotados
pelo grupo. O terror predomina e os mais afetados são os civis. Os somalis já
vem sofrendo o infortúnio de ter que lidar com a sua presença em diversas
partes do país e agora o público externo se vê também vulnerável às suas ações.
Infelizmente a resolução desse conflito
não será pacífica. Embora a negociação passe por entendimentos políticos, esse
grupo só aceitará negociar quando já estiver em frangalhos, ou seja, quando não
houver mais como continuar a luta armada por meio do terrorismo.
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da
Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
A IMPORTANTE VERTENTE DO TURISMO CULTURAL
·
Luíza
Ribeiro[1]
O turismo
cultural, Segundo Lohmann (2012), abrange 4 grandes vertentes, a social,
cultural, econômica e ambiental. Sendo o turismo cultural, uma das principais
vertentes. Mato Grosso, estado que guarda fortes tradições forjadas pelas
influências europeia, negra e indígena, vê na cultura um imenso universo a ser
explorado.
Uma via de mão dupla, onde o turismo ganha com a cultura
regional e a cultura regional se revigora com a ampliação do turismo nesta
área.
Nas
diversas definições do turismo a ressalvas à importância da vertente para a
composição dessas atividades humana, que se encontra em crescimento
significativo. Em cada ato de interação entre povos e seus costumes, estará lá
o turismo cultural como um mediador de suas expressões e tradições.
Com
tudo, além dos aspectos positivos, é preciso pontuar as deficiências das
atividades turísticas nessa área: Pouca compreensão dos profissionais
envolvidos sobre o seu verdadeiro potencial e sobre as técnicas adequadas para
esse segmento, desconhecimento por parte dos “fazedores” da cultura sobre o
alcance turístico da atividade e falta de planejamento para organizar essa
importante vertente do turismo, são sem duvidas os principais problemas desse
setor.
Por
fim, a esperança positiva para o setor reside no fato de Mato Grosso, e sua
capital Cuiabá, ter assumido papel de destaque ao sediar a Copa do Mundo de
Futebol 2014. Podendo com certeza, contribuir para a difusão do turismo
cultural.
Os turismólogos,
no entanto, passam a ter importante papel nesse momento, em que o turismo
cultural se estabelece como importante ferramenta para divulgação de nossas
expressões artísticas e culturais.
Os Estados Unidos e a Política Mundial
Pio
Penna Filho*
O governo do presidente Obama, prêmio
Nobel da “Paz”, está com todo o seu poderoso dispositivo militar pronto para
atacar a Síria. Ao mesmo tempo, esse mesmo governo ampliou de forma espetacular
os tentáculos de sua espionagem em escala global, bisbilhotando a tudo e a
todos, como vem sendo mostrado pela divulgação de sua própria documentação.
Abaixo, algumas conclusões sobre a atuação dos Estados Unidos na política
mundial à luz da sua prática.
Os Estados
Unidos agem como se fossem um Império. A política externa norte-americana é
agressiva com amigos e inimigos. A vontade imperial de Washington se estende
para todo o globo e sua visão predominante é a de que o mundo deve se dobrar
aos desígnios da grande potência do norte, não havendo força ou ideal superior
à dos Estados Unidos em qualquer canto do mundo. Ademais, o Império está pronto
para intervir em quase qualquer situação, em qualquer lugar, por isso sua
excepcional força militar, notadamente de projeção de poder.
Os
Estados Unidos agem desprezando as normas internacionais. As normas
internacionais valem muito pouco para limitar o poder de Washington. Se a
estrutura de poder internacional erigida em torno do Conselho de Segurança das
Nações Unidas, que legitima políticas de intervenção, não atender aos anseios
dos Estados Unidos, isso não é problema. A intervenção poderá acontecer sem aprovação
do Conselho, haja vista que os interesses americanos estão acima da “lei”, o
que aliás reforça a ideia imperial.
Os
Estados Unidos agem como se quase todos fossem seus inimigos. O que vale
para os Estados Unidos são os seus interesses. Washington leva ao pé da letra a
máxima de que, em termos de política externa, o que vale são os interesses.
Dessa forma, quem é “amigo” hoje pode não ser amanhã; ou quem foi amigo ontem
pode não ser hoje. Assim, a espionagem americana não tem limites, embora receba
a colaboração de alguns poucos países hoje considerados amigos, embora amigos
subalternos.
Os
Estados Unidos agem de acordo com a força e apenas entendem a linguagem da
força. A única imunidade com relação à política imperial dos Estados Unidos
reside em ter força suficiente para uma retaliação militar que cause impacto na
sociedade norte-americana. Meios limitados, como o dos afegãos que resistem há
tempos à ocupação de tropas dos Estados Unidos e da OTAN não são suficientes.
Assim, apenas os países que possuem arsenal nuclear estratégico, com capacidade
real para atingir o território norte-americano, estão fora do radar
intervencionista do império.
O que estamos assistindo ultimamente é
que se esboça uma reação difusa, em escala global, à essa política imperial,
eivada de contradições, sobretudo por serem os norte-americanos os grandes
defensores da democracia e da liberdade.
Não existem muitas ilusões de que essa
reação difusa seja capaz de mudar os rumos da política externa norte-americana.
O problema é que estamos chegando a um ponto em que muitos países e lideranças
estão constatando o óbvio, ou seja, que a linguagem da força e do poder
prevalece sobre o diálogo. Não é à toa que quem está se contrapondo de forma
mais intensa aos Estados Unidos seja justamente a Rússia.
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da
Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
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